Na sociedade atual a menstruação ainda é um tabu. Quase não se fala nem se compartilha enquando isso ocorre, é longe dos homens. Muitas mulheres sentem nojo de de encarar seu próprio sangue, de olhá-lo e cheirá-lo (o que justifica a presença de perfumes nos absorventes descartáveis)Traços de uma sociedade machista e consumista, que sofre por não respeitar suas necessidades autênticas.
Quando paramos um pouco e conseguimos nos sentir, por exemplo durante o ciclo menstrual, nossa sensibilidade se intensifica. Mas o comum é irmos inventando qualquer motivo para não enfrentar nossas dores ocasionadas por traumas.
A propaganda tem exercido um papel importante neste aspecto: propagandas de absorventes motivam a mulher a passar seu ciclo menstrual como se nada estivesse acontecendo ("use esses absorventes tão finos que você nem perceberá") enquanto apresentam a imagem de uma mulher montando um cavalo com jeans super apertados. Será que esse comercial foi feito por mulheres ou por alguém interessado na saúde das mulheres e no bem estar do planeta?
Não ver as conseqüências do que isto acarreta é certamente muito "prático". A frase mais escutada hoje em dia é "não tenho tempo", ou seja, não nos permitimos tempo para nós mesmas.

No início, quando trocamos os absorventes descartáveis pelos biobsorventes, passamos por um processo de adaptação.
Temos que nos dar tempo para lavá-los, guardá-los e deixá-los prontos para o próximo ciclo. Podemos sentir as mais variadas sensações e, como todo processo, requer um tempo que depende de cada mulher e de sua sensibilidade; pouco a pouco começamos a agradecer por nos permitirmos este tempo e por passarmos conscientemente por esse processo profundo como uma benção da criação e não como um sacrifício. Passamos a perceber o que está acontecendo com nosso corpo e espírito, olhamos nosso sangue e o devolvemos para a terra, continuando o ciclo em harmonia.
Em muitas tradições ancestrais o tempo da menstruação era considerado um tempo sagrado, quando a mulher era honrada como mãe da criatividade. Durante esse tempo ela devia liberar-se das energias antigas que seu corpo vinha carregando para preparar-se para a reconexão com a fertilidade da mãe terra, da qual sería portadora na próxima Lua - ou próximo mês.
Sabemos que estas práticas ainda continuam em algumas culturas e nós podemos nos unir a elas, aprendendo a devolver nosso sangue à terra e a continuar este ciclo sagrado que nos permite abrir uma porta de saberes profundos e obter muitas surpresas!
Uma história muito linda diz: Em uma floresta houve um incêndio muito grande. Um pequeno beija-flor, ao ver o que acontecia, voou até uma queda d'água e pegou uma gotinha com seu pequeno bico – que era o que ele conseguia carregar para apagar o fogo. Foi até lá muitas vezes, gota por gota, até que uma águia lhe disse: "Ei, pequeno, você nunca vai conseguir apagar esse incêndio! É muito grande para você e suas gotinhas". E ele respondeu: "Estou fazendo a minha parte". Assim nós também estamos fazendo nossa parte, primeiro construindo a consciência em nós mesmas e, ao mesmo tempo, irradiando-a para o mundo.
"Temos que ser a mudança que queremos ver no mundo" Mahatma Ghandi
A posição social da menstruação
fonte : Livro “Luna Roja” de Miranda Gray
Há centenas de anos o ciclo menstrual feminino gera desprezo e aversão ao ser considerado um sujo sinal de pecado cuja existência reforçava a inferioridade da mulher na sociedade, dominada pelo homem. Ainda hoje em dia se pensa na menstruação como uma desvantagem biológica que transforma a mulher numa trabalhadora emocional, irracional, instável e na qual não se pode confiar. Raramente se fala abertamente da menstruação, a menos que seja em termos médicos.
Assim, apesar de se tratar de um processo natural, segue-se criando barreiras entre mães e filhas, maridos e mulheres, irmãs ou amigas, fazendo com que muitas mulheres vivam odiando a si mesmas e sentindo-se culpadas pela depressão, irritabilidade e inchaço que sofrem durante esses dias do mês.
Quantas mulheres transmitiram seu ódio e medo para suas filhas, com palavras ou com comportamentos?
Quantas sofreram com uma terrível primeira experiência menstrual por não saberem nada a respeito do tema ou por conhecerem apenas os aspectos clínicos que não explicavam nada sobre o modo como se sentiam?
Na sociedade moderna, onde os ritos de passagem já não existem mais, quantas meninas realmente sentem que aproveitam o dom de serem mulheres e para quantas houve orientação para transformar essa experiência em uma fonte de crescimento?
Aprender a descobrir os dons que contém sua própria menstruação e a vê-la de uma forma positiva fará com que a mulher possa ajudar suas filhas a aceitarem sua condição feminina e os ciclos que são próprios dessa condição.
Fonte: http://lunasbioabsorventes.blogspot.com/2009/04/ciclo-armonico.html
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